Tour de “Cruzada”: Roteiro pelas Locações Reais do Filme em Marrocos, Jordânia e na Tunísia
Lançado em 2005 e dirigido por Ridley Scott, Cruzada (Kingdom of Heaven) é uma produção épica que transporta o espectador para um dos períodos mais turbulentos da história: as Cruzadas medievais. Ambientado no século XII, o filme gira em torno de temas como fé, guerra, honra e convicções pessoais em um mundo dividido por conflitos religiosos. Com um elenco estrelado — que inclui Orlando Bloom, Eva Green, Liam Neeson e Jeremy Irons — a obra se destaca não apenas pela grandiosidade narrativa, mas também por sua impressionante reconstrução de época.
O pano de fundo da trama é a Terceira Cruzada, um período em que cristãos e muçulmanos disputavam ferozmente o controle da Terra Santa. Em meio a esse cenário, Ridley Scott recria cidades, desertos e fortalezas que refletem a tensão e a complexidade desse momento histórico. O que torna a experiência ainda mais envolvente é a escolha de locações autênticas, situadas em países como Marrocos, Jordânia e Tunísia — lugares onde o passado ainda se manifesta nas pedras, nas paisagens áridas e nas estruturas que sobreviveram aos séculos.
Mais do que simples cenários, esses locais desempenham um papel narrativo no filme, evocando uma atmosfera que seria impossível de replicar em estúdio. Neste artigo, vamos embarcar em uma jornada por essas paisagens históricas e cinematográficas, explorando como as ruínas e os territórios do Norte da África e do Oriente Médio ajudaram a dar vida ao drama medieval de Cruzada.
Prepare-se para um roteiro que une cinema, história e viagem — um convite para percorrer os mesmos caminhos de Balian de Ibelin, em uma verdadeira peregrinação visual pelas fronteiras da Idade das Trevas.
O Cenário de Cruzada: Um Mergulho na Idade Média
Cruzada narra a trajetória de Balian de Ibelin (interpretado por Orlando Bloom), um ferreiro francês que, após perder tudo, parte em busca de redenção na Terra Santa. Lá, ele se vê envolvido nos conflitos entre cristãos e muçulmanos em Jerusalém, pouco antes da chegada das tropas lideradas por Ricardo Coração de Leão. Inspirado em personagens e eventos reais, o filme apresenta um protagonista dividido entre a honra pessoal e as exigências da guerra, ao mesmo tempo em que questiona os limites da fé e da política.
Um dos maiores trunfos do longa está na sua estética visual. Ridley Scott, conhecido por sua atenção obsessiva aos detalhes, escolheu filmar em locações reais para conferir autenticidade à obra. Ao invés de recorrer apenas a CGI (imagens geradas por computador) ou cenários artificiais, Scott levou a produção para regiões com arquitetura, luz e geografia similares às do século XII. As fortalezas de pedra, os desertos áridos e os mercados vibrantes vistos no filme não são meras recriações: eles existem, espalhados por Marrocos, Jordânia e Tunísia. O resultado é um filme que parece emergir diretamente do passado — com castelos de pedra, cidades em ruínas e desertos vastos que dão densidade dramática a cada cena.
Esses locais, hoje acessíveis a viajantes, não são apenas pontos turísticos, mas testemunhas silenciosas da própria história. No próximo trecho do artigo, começaremos nosso roteiro por essas locações inesquecíveis, começando pelo Marrocos — um país onde o tempo parece ter estagnado entre as muralhas de barro vermelho e os ventos do deserto.
MARROCOS: O Coração das Fortalezas e Desertos
Se existe um lugar no mundo capaz de encarnar, com naturalidade impressionante, o espírito da Jerusalém medieval retratada em Cruzada, esse lugar é Marrocos. Especificamente a região de Ouarzazate e seus arredores, que já serviram como pano de fundo para produções monumentais como Gladiador, Game of Thrones e A Múmia. No caso de Cruzada, o país foi escolhido por sua combinação perfeita de paisagens áridas, fortalezas históricas e luz natural incomparável — uma verdadeira cápsula do tempo que recria, com autenticidade, o Oriente Médio do século XII.
– Ouarzazate e os Estúdios Atlas: A Jerusalém do Cinema
O epicentro dessa jornada cinematográfica é Ouarzazate, conhecida como a “Hollywood do Deserto”. É aqui que estão localizados os famosos Estúdios Atlas, onde grande parte da cidade de Jerusalém foi meticulosamente construída para o filme. Os bastidores ainda podem ser visitados hoje: os portões, os mercados e os templos cenográficos permanecem preservados, oferecendo uma experiência imersiva para os fãs que desejam caminhar entre os mesmos corredores que Balian percorreu ao defender a cidade santa.
Logo ao lado está a Kasbah de Aït Benhaddou, Patrimônio Mundial da UNESCO, que aparece em momentos marcantes do filme, como as cenas da chegada de Balian a Jerusalém (aproximadamente aos 45 minutos). Essa vila fortificada de barro vermelho foi usada em diversas cenas de Cruzada — principalmente na representação da cidade antiga de Jerusalém e de suas cercanias (por exemplo: chegada de Balian a Jerusalém – aproximadamente aos 45 minutos do filme). É nela que o filme captura a grandiosidade e a solidão do reino em ruínas, com suas muralhas queimadas pelo sol e vielas labirínticas. Embora o local tenha passado por algumas pequenas restaurações para as filmagens, sua estrutura histórica foi mantida quase intacta, o que permite ao visitante vivenciar um cenário praticamente idêntico ao visto no cinema. Suas muralhas de barro e torres desgastadas pelo tempo evocam a grandiosidade e a vulnerabilidade da cidade sagrada. Historicamente, essa kasbah, situada ao longo de antigas rotas de comércio, nunca foi uma fortaleza cruzada, mas sua arquitetura tradicional berbere captura perfeitamente a estética medieval desejada por Ridley Scott.
– O Deserto do Saara: Jornadas e Conflitos
Além das cidades-fortalezas, Marrocos também serviu de cenário para os momentos de jornada e conflito em regiões desérticas, como o cerco de Jerusalém (cerca de 2 horas e 40 minutos do filme). O Deserto do Saara, nas áreas próximas a Merzouga e Erfoud, foi o palco de diversas cenas de deslocamento e combate entre exércitos. A vastidão dourada dessas dunas transmite a aridez e o isolamento enfrentados pelos cruzados — e, para os turistas, proporciona passeios de camelo, acampamentos berberes autênticos e pores do sol que parecem saídos diretamente da tela.
Os estúdios Atlas, em Ouarzazate, foram cruciais para a produção, abrigando sets internos e externos. Curiosamente, o local já foi usado em filmes como Gladiador e A Múmia, e os visitantes podem ver resquícios de cenários de Cruzada, como portões fortificados, ainda preservados para tours. Durante as filmagens, a equipe enfrentou temperaturas escaldantes, e Scott insistiu em usar milhares de figurantes para dar realismo às cenas de multidão, um feito logístico impressionante.
Conexão com o Filme
As paisagens marroquinas traduzem o contraste entre a imponência do reino de Jerusalém e sua fragilidade. Ait Benhaddou, com suas estruturas que parecem surgir da terra, reflete a solidez de um império ameaçado, enquanto o Saara amplifica a sensação de desolação nas jornadas de Balian. Esses cenários não apenas ancoram a narrativa, mas também imergem o espectador na crueza da Idade Média.
Dicas de Viagem
– Ait Benhaddou: Acesse a partir de Marrakech (cerca de 3 horas de carro). Visite entre outubro e abril para evitar o calor intenso (médias de 35°C no verão). Tours guiados, disponíveis por cerca de 30-50 EUR, incluem guias locais que explicam a história da kasbah e sua relação com o cinema. Use sapatos confortáveis para explorar as ruelas íngremes.
– Estúdios Atlas: Localizados a 10 minutos de Ait Benhaddou, os estúdios oferecem visitas guiadas com cenários e objetos de Cruzada. Reserve online para evitar filas.
– Deserto do Saara: Considere um passeio de um dia a partir de Ouarzazate até Erg Chebbi para uma experiência desértica autêntica, com opções de acampamento noturno (a partir de 60 EUR por pessoa).
– Atrações próximas: A kasbah de Taourirt, em Ouarzazate, é outra joia arquitetônica, com interiores decorados que valem a visita (entrada: ~2 EUR).
Curiosidades das Filmagens
Durante as gravações em Marrocos, a produção enfrentou temperaturas extremas, o que exigiu adaptações constantes no cronograma. Orlando Bloom comentou em entrevistas que a imersão nos cenários reais — e não em sets digitais — foi fundamental para construir a densidade emocional do personagem Balian. Já Ridley Scott elogiou a hospitalidade local e a facilidade logística de filmar no país, algo que consolidou Ouarzazate como um dos grandes centros do cinema épico internacional.
Marrocos não apenas abrigou cenas de batalha e política em Cruzada, mas também deu vida ao sentimento de desolação, esperança e reconstrução — elementos centrais do filme. O viajante que passa por essas terras não vê apenas ruínas ou paisagens: vê um eco visual da Idade Média revivida com precisão cinematográfica.
JORDÂNIA: As Ruínas de Petra e o Legado dos Cruzados
Se em Marrocos encontramos a imponência das fortalezas e a vastidão do deserto, na Jordânia é onde a dimensão mística e espiritual de Cruzada ganha forma. As paisagens que evocam a passagem do tempo e a coexistência de civilizações antigas foram fundamentais para dar ao filme seu tom mais contemplativo. Aqui, a história real e a ficção se entrelaçam de forma simbiótica: Petra e Wadi Rum não apenas serviram como locações para a Terra Santa cinematográfica, mas também são testemunhos arqueológicos de um mundo que já foi palco de impérios, guerras e peregrinações.
– Petra: A Cidade Esculpida na Rocha
Embora Petra não apareça de forma explícita ou extensa no filme, sua estética foi usada como referência para a criação de cenários e ambientações que evocassem cidades sagradas ou fortalezas esquecidas no deserto. A famosa entrada pelo Siq, o estreito cânion de pedra que leva ao Tesouro (Al-Khazneh), é uma das paisagens mais icônicas do Oriente Médio, e inspirou o design de rotas de entrada triunfais e templos ocultos em Cruzada. Um momento inesquecível é a cena em que Balian observa a paisagem da Terra Santa (por volta dos 50 minutos de filme), onde o Siq, o estreito cânion de entrada de Petra, e o Tesouro (Al-Khazneh) evocam a grandiosidade de uma civilização perdida.
Embora Petra seja uma cidade nabateia, anterior às Cruzadas, sua arquitetura monumental serviu perfeitamente para retratar a imponência de fortalezas medievais. Historicamente, Petra foi um centro comercial crucial, mas durante as Cruzadas, esteve sob influência de reinos cruzados, o que adiciona uma camada de autenticidade à escolha do local. Durante as filmagens, a equipe de Ridley Scott usou o Siq sem grandes alterações, aproveitando sua acústica natural e imponência para cenas de diálogo e chegada.
Além disso, Petra já foi usada em outras produções épicas como Indiana Jones e a Última Cruzada e Transformers: A Vingança dos Derrotados, o que reforça sua ligação com o cinema de aventura e arqueologia.
– Wadi Rum: O Deserto dos Confrontos e Travessias
Já Wadi Rum teve presença mais direta em Cruzada. Conhecido como o “Vale da Lua”, tem uma história que remonta a povos nômades e rotas de caravanas, o que reforça a sensação de um mundo atemporal. Suas formações rochosas monumentais e paisagens dramáticas serviram de pano de fundo para as cenas de jornada de Balian rumo a Jerusalém (cerca de 1 hora e 10 minutos) e para diversas travessias entre cidades.
No filme, é possível reconhecer as formações de arenito que acompanham a caravana de Balian, destacando o isolamento e a força do ambiente que molda o espírito do personagem. A decisão de filmar em Wadi Rum, já usado em obras como Lawrence da Arábia e Perdido em Marte, reforça o poder simbólico dessa paisagem como um espaço de transformação. Com suas cores vermelhas e sombras profundas, intensifica visualmente o sentimento de transição entre mundos — entre a Europa cristã e o Oriente muçulmano.
Curiosamente, a produção enfrentou desafios com tempestades de areia inesperadas, mas Scott incorporou essas condições para intensificar o realismo das cenas de batalha.
Conexão com o Filme
A fusão das ruínas nabateias de Petra com a recriação da Terra Santa em Cruzada cria uma ponte entre o mítico e o histórico. Petra, com suas fachadas esculpidas, reflete a glória de um reino em declínio, enquanto Wadi Rum simboliza as provações físicas e espirituais dos personagens. Juntos, esses locais transformam o filme em uma jornada visual que ressoa com a essência das Cruzadas.
Dicas de Viagem
– Petra: Acesse a partir de Amã (~3 horas de carro) ou Aqaba (~1,5 hora). Compre o Jordan Pass (a partir de 70 JOD) para entrada em Petra e outros sítios. Visite entre março e maio ou setembro e novembro para temperaturas amenas (20-25°C). O “Petra by Night” é imperdível para fãs, com o Siq e o Tesouro iluminados por velas, evocando a atmosfera do filme. Use calçados confortáveis e leve água para caminhadas longas.
– Wadi Rum: Fica a 1 hora de Petra. Reserve passeios de jipe (a partir de 35 JOD por pessoa) ou acampamentos beduínos (a partir de 50 JOD, com jantar). Tours cinematográficos destacam locações de Cruzada e outros filmes, como Lawrence da Arábia. Protetor solar e chapéu são essenciais devido à exposição ao sol.
– Atrações próximas: O castelo de Kerak, uma fortaleza cruzada autêntica a 2 horas de Petra, oferece uma conexão direta com a história do filme (entrada: 2 JOD). Sua vista panorâmica e masmorras são destaques.
Curiosidades e Experiências Cinematográficas
Durante as gravações, a equipe de produção contou com o apoio de guias locais e especialistas em topografia da região para encontrar os ângulos certos em Wadi Rum — a fim de capturar a solidão majestosa das travessias de Balian. A areia avermelhada, combinada com o céu intenso da Jordânia, ajudou a criar o tom épico e contemplativo que marca os momentos de deslocamento no filme.
Hoje, diversos passeios turísticos oferecem trilhas cinematográficas por Wadi Rum, com roteiros que incluem locações de filmes famosos e acampamentos inspirados nas produções hollywoodianas.
TUNÍSIA: Onde o Deserto Encontra a História
Se Marrocos ofereceu a grandiosidade das fortalezas e a Jordânia trouxe o mistério das ruínas esculpidas na rocha, a Tunísia complementa a jornada de Cruzada com um toque quase arqueológico: vilarejos escavados, ksour ancestrais e paisagens áridas que parecem suspensas no tempo. É aqui que o filme mergulha nas representações das comunidades medievais mais humildes e dos mercados árabes que pulsavam fora dos muros de Jerusalém.
A Tunísia, com sua rica herança árabe e berbere, forneceu à produção de Cruzada um cenário autêntico para recriar o cotidiano das populações que viviam entre guerras, comércio e religiosidade. As filmagens se concentraram em áreas pouco alteradas pela modernidade, cujas formas de construção e geografia natural contribuíram para dar ao filme um aspecto quase documental.
– Matmata: Os Vilarejos Escavados na Terra
Localizada no sul da Tunísia, famosa por suas casas subterrâneas, Matmata serviu como pano de fundo para cenas de comunidades rurais em Cruzada. Um trecho marcante é a sequência em que Balian interage com moradores locais (cerca de 1 hora e 20 minutos), onde as habitações trogloditas de Matmata evocam a rusticidade da vida medieval. Essas casas, escavadas no solo para proteção contra o calor, são um testemunho da engenhosidade berbere, usadas historicamente como refúgios contra invasores.
Para os cinéfilos de carteirinha, vale lembrar que Matmata também foi cenário da casa de Luke Skywalker em Star Wars: Uma Nova Esperança — o que a torna um ponto obrigatório para fãs de grandes sagas. Algumas das locações permanecem preservadas e abertas para visitação, inclusive convertidas em pequenos hotéis temáticos.
– Ksar Ouled Soltane: O Mercado dos Tempos Antigos
Outro local notável utilizado em Cruzada é o Ksar Ouled Soltane, um dos ksour (plural de ksar, celeiro fortificado) mais impressionantes da Tunísia. Suas estruturas empilhadas de pedra e barro serviram como cenário para cenas de mercado e acampamento, onde diferentes culturas, mercadores e soldados se encontravam (aproximadamente 1 hora e 50 minutos). O ambiente transmite visualmente a confluência entre o Oriente e o Ocidente — um ponto-chave da narrativa do filme.
Com suas várias camadas e escadarias externas, o ksar foi usado para reforçar visualmente o contraste entre o caos das cidades e o idealismo dos personagens centrais. Embora parte das construções tenha sido restaurada para as filmagens, a estrutura geral é autêntica e continua em ótimo estado, aberta a visitantes.
Kairouan, com sua Grande Mesquita, e Tataouine, com seus ksour tradicionais, complementaram a produção, representando cenários urbanos e rurais que reforçam a estética árabe do filme.
– Kairouan e Tataouine: Heranças Vivas do Islã e do Saara
Outras cidades que contribuíram com a ambientação de Cruzada foram Kairouan, com sua Grande Mesquita, uma das cidades mais sagradas do Islã, e Tataouine, com seus ksour tradicionais, que empresta seu nome ao famoso planeta de Star Wars, mas cuja arquitetura tradicional berbere foi usada no filme para representar cidades do Oriente medieval.
Conexão com o Filme
Os cenários tunisianos ancoram Cruzada em uma autenticidade cultural que reflete a coexistência de cristãos, muçulmanos e outras comunidades na Terra Santa medieval. Matmata e Ksar Ouled Soltane, com suas construções de terra, transmitem a simplicidade das vidas retratadas, enquanto Kairouan adiciona um toque de espiritualidade. Esses locais transformam o filme em um retrato vivo de um mundo moldado pela fé e pela sobrevivência.
Dicas de Viagem
– Matmata: Acesse a partir de Gabès (~1 hora de carro) ou Tunis (~6 horas). Visite entre outubro e abril para temperaturas amenas (20-25°C). Para uma imersão cinematográfica, reserve um tour em Matmata que combine Cruzada e Star Wars (a partir de 40 TND), destacando locações exatas, histórias das filmagens e as casas trogloditas, incluindo o Hotel Sidi Driss. Hospede-se em um dos hotéis-caverna. Experimente o brik, um pastel frito com ovo, em restaurantes locais.
– Ksar Ouled Soltane: Localizado a 20 minutos de Tataouine, é acessível por carro. A entrada é gratuita, mas guias locais (5-10 TND) explicam a história dos ksour. Leve água e use calçados confortáveis para explorar as escadas estreitas.
– Kairouan: A 2 horas de Tunis, é famosa pela Grande Mesquita (entrada: 12 TND), um Patrimônio da UNESCO. Visite o souk para comprar tapetes tradicionais. Tataouine, a 2 horas de Matmata, oferece outros ksour, como Ksar Ezzahra.
– Atrações próximas: O deserto de Douz, a 1,5 hora de Tataouine, é ideal para passeios de camelo (a partir de 30 TND) e acampamentos noturnos, evocando as jornadas de Cruzada.
Cultura, Figurino e a Tunísia como Musa Visual
A escolha da Tunísia como parte do cenário de Cruzada não se deu apenas pela geografia, mas também pela cultura. O figurino dos figurantes locais, os hábitos tradicionais de comércio e as vestimentas islâmicas foram aproveitados pelo diretor de arte para criar cenas com profundidade cultural. Muitos dos figurantes tunisianos que aparecem nas multidões são habitantes da própria região, o que adicionou um tom realista e respeitoso à representação do mundo árabe.
Roteiro Sugerido (12 dias)
Combinando os cenários épicos de Ait Benhaddou, Petra, Wadi Rum, Matmata e Ksar Ouled Soltane, apresentamos um roteiro de 12 dias, além de dicas sobre logística, cultura e atividades extras para uma imersão cinematográfica completa.
Dias 1-2: Ouarzazate e Ait Benhaddou, Marrocos
Chegue a Marrakech e siga para Ouarzazate (3 horas de carro ou ônibus). No primeiro dia, visite os estúdios Atlas, onde sets de Cruzada foram construídos, e explore a kasbah de Taourirt. No segundo dia, vá a Ait Benhaddou (30 minutos), cenário de Jerusalém no filme. Faça um tour guiado para detalhes cinematográficos e caminhe pelas muralhas ao pôr do sol, recriando a chegada de Balian.
Dia 3: Deserto do Saara, Marrocos
Parta de Ouarzazate para Erg Chigaga ou Erg Chebbi (4-5 horas). Faça um passeio de camelo e passe a noite em um acampamento desértico, evocando as batalhas do filme. Retorne a Marrakech à noite para um voo no dia seguinte.
Dias 4-6: Petra e Wadi Rum, Jordânia
Voe de Marrakech para Amã (voos diretos, ~4 horas). No dia 4, dirija até Petra (3 horas) e explore o Siq, o Tesouro e o Teatro. Participe do “Petra by Night” para uma experiência mágica. No dia 5, suba ao Monastério e faça um tour cinematográfico destacando Cruzada. No dia 6, siga para Wadi Rum (~1 hora) e reserve um tour de jipe pelas locações desérticas, terminando com um jantar beduíno em um acampamento.
Dia 7: Kerak, Jordânia
Visite o castelo de Kerak (2 horas de Petra), uma fortaleza cruzada autêntica. Explore suas masmorras e tire fotos da vista panorâmica, conectando-se à história real das Cruzadas. Retorne a Amã para um voo no dia seguinte.
Dias 8-10: Kairouan e Matmata, Tunísia
Voe de Amã para Tunis (~3 horas). No dia 8, siga para Kairouan (2 horas) e visite a Grande Mesquita e o souk. No dia 9, dirija até Matmata (4 horas) e explore as casas trogloditas, como o Hotel Sidi Driss, com um tour cinematográfico de Cruzada e Star Wars. Hospede-se em um hotel-caverna. No dia 10, vá a Douz (1,5 hora) para um passeio de camelo e acampamento noturno, recriando as jornadas de Balian.
Dias 11-12: Tataouine e Ksar Ouled Soltane, Tunísia
No dia 11, siga para Tataouine (2 horas de Matmata) e visite ksour como Ksar Ezzahra e Ksar Hadada. No dia 12, explore Ksar Ouled Soltane (20 minutos), cenário de mercados no filme, com um guia local. Fotografe as ghorfas ao pôr do sol. Retorne a Tunis (6 horas) para o voo de volta.
Logística Geral
Melhor época: Primavera (março-maio) e outono (setembro-novembro) oferecem temperaturas agradáveis (20-30°C). Evite o verão devido ao calor intenso (35-40°C).
Vistos: Marrocos e Tunísia não exigem visto para brasileiros (estadia até 90 dias). Jordânia requer visto na chegada ou o Jordan Pass, que inclui entrada em Petra e outros sítios.
Segurança: Os três países são seguros para turistas, mas evite áreas fronteiriças (ex.: sul da Tunísia, perto da Líbia). Contrate guias licenciados e use táxis oficiais.
Idioma: Árabe é predominante, mas francês (Marrocos e Tunísia) e inglês (Jordânia) são amplamente usados em áreas turísticas. Aprenda saudações básicas como “salaam” (olá) para interagir.
Transporte: Voos diretos e frequentes conectam Marrakech a Amã e Amã a Tunis (Royal Air Maroc, Royal Jordanian). Por essa razão, o roteiro sugere ir do Marrocos (norte da África) para a Jordânia (Oriente Médio) para depois voltar para Tunísia (norte da África novamente). Mas, caso prefira fazer a rota: Marrocos > Tunísia > Jordânia, fique a vontade. Apenas pesquise e avalie o que mais compensa em termos financeiros e de tempo de deslocamento, visto que muitos voos possuem escala em outros locais, podendo até mesmo acontecer em outro continente, como a Europa, por exemplo. Dentro dos países, alugue carros ou use ônibus (ex.: CTM em Marrocos, JETT na Jordânia). Táxis compartilhados são comuns na Tunísia.
Dicas Culturais
Costumes locais: Respeite a cultura muçulmana. Vista-se modestamente (ombros e joelhos cobertos) em locais religiosos, como a Grande Mesquita de Kairouan. Evite demonstrações públicas de afeto e peça permissão para fotografar pessoas.
Culinária: Experimente tagine de cordeiro em Marrocos, servido com pão fresco, e o tagine, prato cozido em cerâmica com carne, legumes e especiarias. Na Jordânia, prove o mansaf, prato de cordeiro com molho de iogurte. Na Tunísia, saboreie o brik, pastel frito com ovo, e harissa, uma pasta picante.
Interações: Barganhe com respeito nos souks (reduza ofertas em 30-50%) e deixe gorjetas de 5-10% em restaurantes.
Atividades Extras
Tours temáticos de cinema: Em Marrocos, os estúdios Atlas oferecem tours com sets de Cruzada e Gladiador. Na Tunísia, tours em Matmata e Tataouine exploram locações de Cruzada e Star Wars. Na Jordânia, tours em Wadi Rum destacam Cruzada e Lawrence da Arábia.
Outros sets famosos: Visite Ouarzazate para cenários de A Múmia e Game of Thrones. Na Tunísia, explore Ksar Hadada (Star Wars) e o deserto de Ong Jmel, outro set de Guerra nas Estrelas. Em Kerak, conecte-se à história cruzada, complementando Petra.
Caminhando pelas Pegadas da História
Ao longo dessa jornada por Marrocos, Jordânia e Tunísia, o que se revela não é apenas o cenário de um filme, mas um território pulsante onde a história e o cinema se entrelaçam com impressionante naturalidade. Rever o filme antes e após visitar esses lugares é uma experiência transformadora. Cada cena ganha nova camada de significado, cada paisagem vista na tela carrega agora um cheiro, uma textura, um som. A poeira que se ergue em batalha já não é mais só efeito visual — é a poeira que você pisou.
Se você nunca esteve nesses países, talvez este seja o convite que faltava. Planeje. Pesquise. Deixe-se guiar por essa curiosidade que mistura arte e arqueologia. E se a viagem ainda não for possível, reveja o filme com outros olhos. Olhos de quem sabe que aquelas ruínas não foram criadas por computação gráfica, mas erguidas por mãos humanas há séculos — e que ainda estão lá, firmes, resistindo ao tempo e contando histórias.